Fonte: Tribuna do Norte (Natal, RN). Data:
10/04/2013.
Autoria:
Alexis Peixoto.
A saga da Biblioteca Câmara Cascudo
ganha um novo capítulo. Depois de uma espera que já dura quatro anos, as obras
de reforma e restauração do prédio onde funciona a maior biblioteca pública do
Rio Grande do Norte devem começar na próxima semana, com prazo de conclusão
estimado em doze meses. Na manhã de ontem, a reportagem do VIVER acompanhou, em
visita à BPCC, uma comissão técnica formada pelo diretor da instituição, Márcio
Rodrigues; pelo inspetor fiscal da Secretaria Estadual de Infraestrutura,
Genardo Lucas; pelo chefe do setor de patrimônio da Fundação José Augusto,
Sérgio Wycliffe; e pelo engenheiro Flávio Guedes, representante da empresa
Flague Construções Ltda, que irá assumir a obra. A comissão examinou in loco as
condições atuais do imóvel e definiu quais serão as medidas prioritárias para
começar o serviço. Contudo, a questão do armazenamento do acervo da biblioteca continua
pendente.
Durante a visita, a comissão
técnica percorreu os três pavimentos da biblioteca. Em todos os ambientes o
cenário encontrado é praticamente o mesmo: livros e revistas empilhados em cima
de mesas, distribuídos em estantes enferrujadas ou guardados em caixas de
papelão.
Segundo o diretor da Biblioteca,
Márcio Rodrigues, dos 100 mil livros que compõem o acervo apenas 10% estão
empacotados e prontos para o transporte. O restante ainda precisa passar pelo
processo de higienização, para remoção do excesso de poeira, antes de ser
guardado nas caixas. “Devemos terminar de limpar ainda esta semana. A correria
agora vai ser terminar de empacotar tudo até o início das obras”, disse.
Além do trabalho braçal de limpar e
empacotar os livros, há outro problema que precisa ser resolvido: o local para
acomodar o acervo. Para o engenheiro fiscal da Secretaria de Infraestrutura,
Genardo Lucas, a melhor solução é guardar os livros na própria Biblioteca. “O
transporte do acervo é trabalhoso. Pode danificar os livros e atrasar o
cronograma da obra. Uma solução possível é armazenar os livros em um ambiente
da própria biblioteca, que ficará fechado e longe das áreas onde estão sendo
feitas as intervenções”, opina Genardo.
Polêmica
Oficialmente, o plano da Fundação
José Augusto, instituição responsável pela BPCC, é levar os livros para o
antigo Centro Experimental de Teatro no bairro Tirol. Porém, em novembro do ano
passado, veio a polêmica: a direção do Aeroclube Natal reivindicou a posse
definitiva do terreno onde funcionou o Centro Experimental. A área, de 38 mil
m², foi cedida pelo Governo do RN ao Aeroclube na década de 1920, para
realização de cursos de aviação. A disputa ainda corre na justiça, acompanhada
pela Procuradoria Geral do Estado.
Segundo a diretora administrativa
da FJA, Ivanira Machado, a possibilidade de transportar os livros da BPCC para
o Centro Experimental de Teatro não foi descartada. “Estamos conversando com a
direção do Aeroclube e já acertamos que os livros vão ficar lá. Mas não temos
data para começar a remover o acervo”, diz.
Questionada pela reportagem se o
atraso no transporte dos livros poderia colocar em risco as obras na
Biblioteca, Ivanira foi taxativa: “Não existe essa possibilidade. Vamos
resolver tudo seguindo o cronograma”.
Reforma amplia capacidade do
acervo
Para o engenheiro Flávio Guedes, da
Frague Construções Ltda, a melhor maneira de começar a colocar ordem na
Biblioteca Câmara Cascudo é pelo reparo da cobertura, para evitar novas
infiltrações. “A prioridade é consertar o telhado. Queremos aproveitar o
período atual, de poucas chuvas, e começar imediatamente já na próxima semana”,
afirmou Guedes.
Após a etapa inicial, o passo
seguinte é reformar os pavimentos superiores, onde deve ser construído um
auditório. No térreo, será criado um espaço infantil e, no saguão de entrada,
uma recepção. Além disso, com a ampliação dos ambientes internos, a capacidade
de armazenamento da biblioteca deve dobrar, atingindo a capacidade de 200 mil
volumes. A informatização do acervo, com direito a instalação de terminais de
consulta, também está prevista.
A obra de restauração da Biblioteca
Câmara Cascudo está orçada em R$ 1,5 milhão, sendo R$ 1,1 milhão proveniente de
verbas federais do Ministério da Cultura e R$ 400 mil de contrapartida do
Governo Estadual. O prazo para conclusão é de doze meses, a contar do início da
obra.